Isonomia na distribuição de recursos de saúde pública
Atualizado 08/12/2023
3 min. de leitura
A isonomia, ou igualdade, é um princípio fundamental em uma sociedade democrática, especialmente quando se trata de serviços públicos essenciais, como a saúde. A distribuição de recursos de saúde pública deve ser pautada pela busca da equidade e igualdade no acesso aos serviços de saúde. Neste artigo, exploraremos o conceito de isonomia na saúde pública, sua importância, desafios enfrentados e como a jurisprudência tem contribuído para garantir esse princípio.O Princípio da Isonomia A Constituição Federal de 1988 estabelece, em seu artigo 196, que “a saúde é direito de todos e dever do Estado”. Esse dispositivo constitucional é a base para o sistema público de saúde no Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS), que tem como um de seus pilares o princípio da isonomia. Isso significa que todos os cidadãos brasileiros têm direito igualitário ao acesso a serviços de saúde de qualidade, independentemente de sua condição social, econômica, étnica, ou geográfica.
Legislação PertinentePara garantir a efetivação da isonomia na saúde pública, o ordenamento jurídico brasileiro conta com normas e regulamentos específicos. Além do artigo 196 da Constituição Federal, destacam-se:
- Lei 8.080/1990: Estabelece as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes, e dá outras providências.
- Lei 8.142/1990: Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde.
- Emenda Constitucional 29/2000: Estabelece os percentuais mínimos a serem aplicados pela União, Estados e Municípios em ações e serviços públicos de saúde.
Desafios
Apesar dos avanços legais, a garantia da isonomia na saúde pública ainda enfrenta diversos desafios:
- Desigualdades Regionais: A distribuição desigual de recursos e infraestrutura de saúde entre regiões do país gera disparidades no acesso aos serviços de saúde, desafiando o princípio da isonomia.
- Falta de Investimentos Adequados: A insuficiência de investimentos no sistema de saúde compromete a qualidade e a abrangência dos serviços oferecidos, afetando especialmente as populações mais vulneráveis.
- Demanda Crescente: O aumento da demanda por serviços de saúde, especialmente em períodos de crises sanitárias, pode sobrecarregar o sistema, levando à dificuldade no acesso e à desigualdade no atendimento.
- Dificuldade de Fiscalização: A complexidade do sistema de saúde e a falta de transparência em alguns aspectos dificultam a fiscalização e o controle social sobre a aplicação dos recursos.
Jurisprudência na Saúde Pública
A jurisprudência brasileira desempenha um papel importante na definição dos direitos dos cidadãos em relação à saúde pública. Através de decisões judiciais, têm-se estabelecido precedentes que reforçam a importância da isonomia na distribuição de recursos de saúde. A seguir, apresentamos alguns casos emblemáticos:
Fornecimento de medicamentos de alto custo
O Supremo Tribunal Federal (STF) tem julgado casos envolvendo o direito de pacientes a receberem medicamentos de alto custo pelo SUS. Decisões favoráveis aos pacientes reforçam o princípio da isonomia ao garantir que todos os cidadãos tenham igualdade de acesso a tratamentos essenciais, independentemente de sua condição financeira.
Acesso à terapia e tratamentos médicos
Tribunais estaduais têm decidido em favor de pacientes que buscam terapia e tratamentos médicos específicos, mesmo quando esses serviços não são oferecidos pelo SUS. As decisões baseiam-se na necessidade de assegurar o tratamento igualitário a todos, evitando discriminações baseadas na disponibilidade de recursos.
Prioridade para grupos vulneráveis
Em algumas situações, a jurisprudência tem reconhecido a necessidade de priorizar grupos vulneráveis, como crianças, idosos e pessoas com deficiência, na alocação de recursos de saúde. Isso ocorre em consonância com o princípio da isonomia, que também implica tratar de forma igual os que são iguais e de forma desigual os que são desiguais.
O papel do advogado na garantia da isonomia na saúde pública
Os advogados desempenham um papel fundamental na luta pela garantia da isonomia na saúde pública. Eles atuam na defesa dos direitos dos pacientes, buscando, através do Poder Judiciário, assegurar tratamento igualitário e o acesso a recursos de saúde adequados. Além disso, os advogados também podem atuar na conscientização da população sobre seus direitos e na fiscalização do cumprimento das normas relacionadas à saúde pública.
Considerações finais
A jurisprudência tem desempenhado um papel importante na definição dos direitos dos pacientes e na promoção da igualdade na saúde pública. Advogados têm um papel crucial na defesa desses direitos e na busca por um sistema de saúde mais justo e equitativo.
Não deixe de conferir os documentos jurídicos disponíveis no JusDocs, que podem auxiliar advogados e profissionais do direito na defesa dos direitos dos pacientes e na promoção da isonomia na saúde pública.
Deseja aprofundar ainda mais sobre adjudicação compulsória? Confira nossos outros materiais sobre este assunto!
Saiba tudo sobre Isonomia no guia definitivo do JusDocs
Isonomia na Adoção de Crianças por Casais LGBT+: Desafios Legais e Conquistas
Isonomia nos Direitos Trabalhistas: Equiparação Salarial e Discriminação de Gênero
Isonomia Fiscal: Tributação Equitativa e Jurisprudência Relevante
Isonomia e Políticas de Inclusão Digital: Acesso Equitativo à Tecnologia