Direito do Trabalho

Análise da preclusão em processos de arbitragem internacional

Atualizado 22 Jan 2024

4 min. leitura

Análise da preclusão em processos de arbitragem internacional

Conflitos jurídicos podem ser longos e desgastantes. Felizmente, existem alternativas mais simples do que o processo jurisdicional, como a arbitragem internacional, onde uma terceira parte imparcial é escolhida para resolver uma disputa. Num contexto de disputas comerciais, esse tipo de julgamento se tornou ainda mais comum, onde a preclusão desempenha um papel fundamental para o seu ordenamento. 

O que é a arbitragem internacional?

Nas últimas décadas, houve uma intensificação das relações entre países de todo o mundo, resultando em cadeias globais de valor mais complexas e novos blocos econômicos. Com isso, as empresas passaram a ampliar suas presenças em mais Estados, gerando mais lucro e influência dentro dessas regiões. 

Por outro lado, o número de conflitos entre organizações privadas e estatais também cresceu, exigindo bastante tempo para serem solucionados. Afinal, idiomas, culturas e sistemas jurídicos diferentes tornam o processo mais lento, sobretudo em disputas que envolvem investimentos. 

Felizmente, a arbitragem internacional surgiu como uma solução para esse problema, sendo considerada mais rápida e barata do que um tribunal nacional. Para isso, utiliza elementos de processos civis e do direito comum, além de contar com menos formalidades em suas regras.

Logo, rapidamente se tornou o principal método para resolver disputas comerciais entre dois ou mais países. Ademais, se destaca pela possibilidade de ser sigilosa, o que atrai partes que desejam manter o conflito em segredo público.  Ainda assim, por mais flexível que seja, conta com algumas regras básicas e fundamentais, que podem gerar punições caso não sejam cumpridas.

Entre elas,  a preclusão é uma que se destaca, especialmente em que as partes possuem mais autonomia. Nesse sentido, é preciso entender como ela é aplicada, sua importância nos termos de uma disputa jurídica e, principalmente, sua influência nos princípios da arbitragem internacional. 

Os princípios da arbitragem internacional

Como todo processo jurídico, a arbitragem internacional é norteada por alguns princípios gerais de direito, sendo eles essenciais para entender o seu método e funcionamento:

1. Princípio da autonomia da vontade

Pessoas jurídicas possuem a capacidade de efetivar negócios jurídicos. Logo, o número de árbitros e quais serão escolhidos deve ser estabelecido pelas partes, além das regras que serão aplicadas. 

2. Princípio da imparcialidade do árbitro

O árbitro deve ser imparcial e ter as condições necessárias para avaliar o processo jurídico. Para isso, deverá expor suas decisões com fundamentação, com as devidas etapas analíticas. 

Ou seja, o julgador precisa ter conhecimento profundo em jurisprudência internacional, condução arbitral e ser isento aos interesses das partes. Caso contrário, todo processo pode ser cancelado.

3. Princípio da Kompetenz-Kompetenz

Com origem alemã, o princípio da competência-competência estabelece que o árbitro é competente para decidir sua própria competência. Dessa forma, a arbitragem internacional pode garantir que as partes não recorram ao Poder Judiciário para questionar suas decisões. 

4. Princípio do devido processo legal

Apesar da autonomia ser fundamental na arbitragem internacional, esse princípio garante que o devido processo legal seja cumprido, o que possibilita um julgamento válido. 

A influência desses princípios na preclusão

Por ter a autonomia das partes algo essencial em seus princípios, as cláusulas e regras aplicadas são acordadas pelas personalidades jurídicas. Isso inclui também a preclusão, que tem como maior objetivo garantir a eficiência e segurança do processo arbitral.

Logo, ela é resultado direto da flexibilidade, visto que as partes podem ajustar os prazos, tornando o processo mais personalizado. Para isso, os árbitros precisam estar cientes de todos os termos acordados. No Brasil, a preclusão em arbitragem internacional é regulada pela Lei de Arbitragem nº 9.307/1996.

Diferença para um tribunal nacional 

Apesar de compartilharem muitas semelhanças, a preclusão na arbitragem internacional possui características bem distintas. Para começar, ela não se baseia em normas do sistema legal de um país específico,mas ainda bebe da fonte de diversos deles. Por outro lado, seu pilar principal está nas regras acordadas entre as partes e nos princípios gerais do direito. 

Já na aplicação de prazos, algo fundamental na preclusão, eles também podem ser flexibilizados. Ou seja, nada de precluir uma parte automaticamente após ela perder o tempo de um processo. Na verdade, eles podem ser modificados caso haja um acordo entre as duas personalidades jurídicas.

Tipos de preclusão na arbitragem internacional

A preclusão na arbitragem internacional é dividida em duas formas: temporal e lógica. Sua aplicabilidade depende de diversos fatores, como a natureza do processo e seu objetivo. Por isso, é importante saber diferenciá-las: 

Preclusão temporal: esse é o tipo mais comum de preclusão e ocorre quando uma parte deixa de agir dentro do prazo estabelecido no processo.Ou seja, deixar de praticar um ato processual dentro do período acordado, como a apresentação de provas. Quando aplicada, a parte incluída perde o direito de praticar o ato processual em questão, o que inclui a negação de algumas alegações, produção de provas e até contestar decisões.

Preclusão lógica: basicamente, quando há alguma inconsistência lógica entre as posições de uma parte, a preclusão é aplicada para contestar as exigências. Nesse caso, a parte incluída acaba com restrições, onde é impedida que adote atos processuais em etapas posteriores do processo. Isso também reduz a sua força de influenciar os árbitros, visto que ela perde a oportunidade de apresentar provas. 

A importância da preclusão na arbitragem internacional no processo legal

Além de garantir a autonomia da arbitragem internacional, ela permite que os princípios jurídicos sejam respeitados. Claro, os limites temporais também colaboram para processos mais eficazes e rápidos, além de reduzir significativamente comportamentos inconsistentes. 

Para muitos especialistas, é uma demonstração de segurança jurídica, onde as partes podem confiar que as regras serão cumpridas. Logo, acaba mantendo as relações e conflitos comerciais mais estáveis e previsíveis. 

O papel da tecnologia para a eficácia da preclusão na arbitragem internacional 

 Nos últimos anos, as evoluções legislativas foram acompanhadas do uso de novas tecnologias. Logo, o surgimento de plataformas online, seja para gestão de processos ou contato entre as partes, impactou diretamente no estabelecimento de prazos e, como consequência, a preclusão.

Além de garantir o princípio de autonomia e flexibilidade, eles permitem mais transparência na administração dos conflitos. Isso inclui uma segurança reforçada na integridade dos documentos, audiências virtuais e plataformas colaborativas para que as informações sejam compartilhadas. 

Considerações finais 

A preclusão é uma regra fundamental na efetividade de uma arbitragem internacional. O seu uso não só fortalece a autonomia das partes, mas também permite que todo o processo jurídico seja feito de forma clara e segura. Para isso, ambas as partes, além do árbitro, devem estar cientes dos termos concordados, o que poderá garantir que todos os prazos sejam cumpridos.

No final, sua flexibilidade possibilita que os conflitos sejam resolvidos com mais rapidez, o que se tornou ainda mais acelerado com a chegada de novas plataformas digitais. No final, as tendências tecnológicas contribuíram para manifestações equilibradas das partes em cada parte do litígio. 

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