Direito Civil

Qual é o impacto do efeito suspensivo no direito de família?

Atualizado 04/03/2024

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Qual é o impacto do efeito suspensivo no direito de família?

O Direito de Família é uma área jurídica que lida com questões cruciais relacionadas às relações pessoais e patrimoniais entre membros de uma família, onde, as disputas legais surgem dentro desse contexto delicado, exigindo intervenção judicial para resolver conflitos, uma ferramenta legal importante frequentemente utilizada nesse cenário é o efeito suspensivo.

Esse mecanismo é uma medida judicial que, quando concedida, suspende temporariamente a eficácia de uma decisão judicial até que ocorra o julgamento final do processo, dessa forma, a decisão em questão não é imediatamente executada, permitindo que as partes envolvidas possam recorrer ou buscar outras medidas legais antes que a sentença seja efetivamente aplicada.

No contexto do Direito de Família, o efeito suspensivo pode ter diversas implicações, especialmente em casos de divórcio, guarda de filhos, pensão alimentícia, partilha de bens e adoção. 

Uma das áreas mais impactadas por essa medida é a guarda de menores, afinal, quando uma decisão sobre a guarda é proferida, o efeito suspensivo pode permitir que o genitor não favorecido recorra da decisão e busque reverter o resultado, garantindo assim um processo mais justo e equitativo.

É importante ressaltar que, embora esse mecanismo possa trazer benefícios em termos de garantir um processo justo e equilibrado, também pode resultar em atrasos e prolongamento do litígio, gerando efeitos negativos às partes envolvidas, especialmente em casos que demandam urgência, como situações de violência doméstica ou de guarda de crianças em risco.

Além disso, é fundamental que o efeito suspensivo seja aplicado com parcimônia e de acordo com os princípios da justiça e da equidade, evitando seu uso indiscriminado para obstruir a efetivação de decisões legítimas ou prolongar desnecessariamente o sofrimento das partes.

Quais são os procedimentos legais envolvidos na sua solicitação e aplicação em questões familiares?

Para solicitar a aplicação deste mecanismo, a parte interessada, muitas vezes representada por um advogado, apresenta uma petição ou recurso ao tribunal responsável pelo caso de direito de família. 

Esta petição deve incluir uma solicitação explícita para a aplicação do efeito suspensivo em relação a uma decisão judicial ou procedimento específico.

Onde deve contar uma fundamentação jurídica sólida que justifique a necessidade do efeito suspensivo, abrangendo argumentos legais, precedentes judiciais relevantes e considerações sobre os interesses das partes envolvidas.

Então, o tribunal analisará a petição ou recurso e considerará os argumentos apresentados pelas partes, sendo que, o juiz pode solicitar informações adicionais, realizar audiências ou consultar outros documentos relevantes antes de tomar uma decisão sobre a solicitação do efeito suspensivo.

Com base na análise das informações apresentadas, o tribunal emite uma decisão sobre a solicitação de efeito suspensivo, que poderá conceder ou negar o pedido, dependendo das circunstâncias do caso e dos critérios legais aplicáveis.

Caso o tribunal conceda o efeito suspensivo, significa que a decisão ou procedimento em questão será temporariamente suspenso até que o mérito da questão seja totalmente analisado e resolvido. 

Qual o impacto emocional e psicológico do efeito suspensivo nas partes envolvidas?

O impacto emocional e psicológico pode ser significativo e multifacetado em processos dessa matéria, até porque, quando uma decisão judicial é temporariamente suspensa, uma série de emoções e reações tanto nos adultos quanto nas crianças afetadas são geradas. 

Para os adultos, especialmente os pais envolvidos em disputas de guarda ou pensão alimentícia, o efeito suspensivo pode desencadear sentimentos de incerteza, frustração e ansiedade, em casos mais extremos, podendo levar a problemas de saúde graves.

Além disso, o efeito suspensivo pode complicar ainda mais os relacionamentos familiares, aumentando os conflitos e dificultando a comunicação entre as partes envolvidas, o que não é positivo para as relações familiares. 

A falta de clareza e estabilidade da incerteza trazida com a suspensão, pode afetar a capacidade das partes, de funcionar efetivamente em outras áreas da vida, como no trabalho e nas relações interpessoais.

Para as crianças, o impacto emocional do efeito suspensivo pode ser particularmente significativo, abrangendo sentimentos de confusão e inseguras sobre seu ambiente familiar e suas relações com os pais. 

A incerteza sobre onde viverão ou como serão cuidadas pode causar ansiedade, medo e até mesmo sentimento de abandono, além disso, o prolongamento do processo legal pode interferir em sua capacidade de se adaptar e prosperar em um ambiente estável e seguro.

Como ficam os custos legais com o efeito suspensivo?

Os custos legais associados ao efeito suspensivo podem variar dependendo da complexidade do caso, da duração do processo legal e das práticas específicas do sistema jurídico em questão, sendo que, em muitos casos, a solicitação e aplicação do efeito suspensivo podem resultar em custos adicionais para as partes envolvidas. 

Devido as partes envolvidas geralmente precisam pagar os honorários advocatícios associados à preparação e apresentação da petição ou recurso solicitando o efeito suspensivo, bem como para representação legal durante qualquer audiência ou procedimento relacionado.

Além dos honorários advocatícios, as partes podem ser responsáveis por outras despesas processuais, como taxas judiciais, custas de cópias de documentos e outros custos administrativos relacionados ao processo legal.

Caso o efeito suspensivo seja concedido inicialmente, mas, posteriormente seja contestado ou revogado através de um recurso apresentado pela parte adversa, podem surgir custos adicionais associados à preparação e apresentação do recurso, bem como à participação em audiências ou procedimentos relacionados.

Ademais, se o tribunal decidir realizar audiências adicionais para considerar a solicitação de efeito suspensivo, as partes podem incorrer em custos adicionais relacionados à preparação de testemunhas, viagens e outras despesas associadas à participação nessas audiências.

Deste modo, o prolongamento do processo legal devido à concessão do efeito suspensivo pode resultar em custos adicionais para as partes envolvidas, incluindo custos indiretos.

Como minimizar os impactos negativos desse mecanismo na área do direito de família?

Uma estratégia interessante é incentivar as partes a buscar métodos alternativos de resolução de conflitos, como mediação e conciliação, que podem ajudar a evitar litígios prolongados e reduzir a necessidade de solicitar o efeito suspensivo.

Colocar o interesse superior das crianças no centro das decisões judiciais e garantir que suas necessidades emocionais, educacionais e de desenvolvimento sejam consideradas em todos os momentos, pode ser uma boa maneira de minimizar os impactos negativos desse efeito.

Adotar medidas para acelerar os processos judiciais relacionados a questões familiares, como estabelecer prazos mais curtos para audiências e decisões judiciais, também pode ajudar a reduzir a duração dos litígios e limitar a necessidade de aplica-lo.

bem como, a promoção de uma comunicação aberta e transparente entre as partes envolvidas, seus advogados e o sistema judicial, capaz de ajudar a reduzir mal-entendidos e conflitos, facilitando a resolução de questões de forma mais rápida e eficaz.

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Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

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