Direito Civil

Marco Civil e a proteção de dados pessoais na internet

Atualizado 06/02/2024

1 min. de leitura

Marco Civil e a proteção de dados pessoais na internet

Com o advento dos avanços tecnológicos, iniciou-se uma transformação profunda na maneira como interagimos e compartilhamos nossos dados na internet. Sendo assim, com a tentativa de regulamentar o uso da rede e garantir princípios como a privacidade dos usuários, estabeleceu em 2014 no Brasil o Marco Civil da internet. 

Entretanto, com a crescente digitalização, a proteção de dados pessoais continua sendo um desafio a ser enfrentado. 

Por isso, no artigo de hoje, vamos explorar como o Marco Civil e a proteção de dados pessoais se entrelaçam.  

E então, se interessou pelo conteúdo? Continue lendo nosso artigo e veja como o Marco Civil visa assegurar uma experiência digital mais segura para os usuários.

O que é o Marco Civil no contexto da proteção de dados? 

O marco civil, também conhecido formalmente como Lei n° 12.965/2014, é uma legislação brasileira que visa garantir os direitos e deveres para o uso da internet no país. 

Tal regulamentação foi sancionada em 2014 e tem como principal objetivo garantir a liberdade, a privacidade e a neutralidade da internet, através de diretrizes para seu uso e na regulamentação das relações digitais.

O Marco Civil da Internet foi pioneiro ao reconhecer normativamente as relações jurídico-virtuais e abordar questões relacionadas aos crimes cibernéticos. No entanto, a legislação não tratou especificamente do tratamento de dados pessoais e da interação entre os titulares desses dados e as empresas responsáveis por seu processamento.

Sendo assim, surgiu como complemento ao Marco Civil da Internet e outras normas infraconstitucionais, a  Lei n.º 13.709/2018, conhecida como Lei Geral de Proteção de Dados. Essa legislação introduz novos conceitos no universo digital e, de maneira particular, regulamenta de forma específica o tratamento de dados pessoais. 

Além disso, ela delimita as responsabilidades dos agentes de tratamento, como o controlador e o operador de dados, com o objetivo de preservar a privacidade, individualidade, liberdade e democracia. Essa abordagem visa equilibrar a relação entre os titulares de dados e as empresas que lidam com informações pessoais.

Dessa maneira, a legislação buscou estabelecer diretrizes específicas para o tratamento de dados pessoais, seja realizado por pessoas naturais, jurídicas de direito público ou privado, fornecendo parâmetros claros para a aplicação de seus dispositivos. Além disso, introduziu um glossário que visa esclarecer os termos utilizados na lei, conforme estipulado no art. 5º, inciso X. Foram também delineados os princípios, as bases legais para o tratamento, bem como as responsabilidades dos agentes de tratamento e os direitos dos titulares.

Sendo assim, enquanto o Marco Civil da Internet tem como um de seus principais propósitos regular o uso da internet no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) estabelece normas para o tratamento, proteção e transferência de dados pessoais.

Quais são os principais aspectos do Marco Civil da internet?

O Marco Civil da internet tem como objetivo garantir princípios como a neutralidade, a liberdade de expressão e a privacidade dos usuários. 

O princípio da neutralidade assegura que os provedores de internet devem tratar todos os dados de forma equitativa, sem discriminação de conteúdo, aplicativo ou serviços. Nesse sentido, a legislação define que os provedores não podem ser responsabilizados pelo conteúdo gerado pelos usuários, a menos que estes descumpram decisões judiciais específicas. 

A legislação estabelece direitos e deveres em relação à privacidade dos usuários e a proteção de seus dados pessoais. Nesse sentido, a regulamentação determina que os provedores devem manter registros de conexão por um período limitado, para fins de investigação criminal. 

Além disso, o Marco Civil visa proteger a liberdade de expressão, respeitando os direitos individuais e coletivos de cada um.

O marco estabelece princípios, garantias, direitos e deveres para o uso da internet no Brasil e a defesa do consumidor. Enquanto o Marco Civil da Internet tem a privacidade como um dos seus principais pontos, a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) cria uma regulamentação para o uso, proteção e transferência de dados pessoais. A LGPD pode ter diversas aplicações em relação às plataformas digitais

A importância do Marco Civil para a proteção de dados pessoais na internet 

O Marco Civil desempenha um papel essencial na proteção de dados pessoais na internet.

Ele define princípios fundamentais para a manipulação de dados pessoais online, incluindo a determinação específica da finalidade da coleta de dados, a exigência do consentimento do usuário e a promoção da transparência nas práticas de privacidade.

 A legislação enfatiza a importância de obter o consentimento informado dos usuários antes de realizar a coleta, processamento ou compartilhamento de suas informações pessoais, assegurando que os usuários estejam plenamente conscientes e concordem com as práticas de tratamento de dados.

Ao definir a responsabilidade dos provedores de serviços online, o Marco Civil da Internet motiva essas entidades a adotarem práticas de segurança robustas e a assegurarem devidamente os dados pessoais de seus usuários.

Além disso, ele veda práticas discriminatórias no tratamento dos dados dos usuários, contribuindo para prevenir abusos e discriminação com base em informações pessoais sensíveis.

A legislação impõe restrições à transferência internacional de dados pessoais, garantindo que as informações dos usuários sejam processadas de acordo com padrões de privacidade alinhados às normas brasileiras.

O Marco Civil da Internet confere aos usuários o direito de acessar, corrigir e excluir seus dados pessoais, conferindo maior controle sobre as informações que compartilham online.

Conclusão 

O Marco Civil da internet representa uma conquista significativa para a regulamentação digital do Brasil. Ao incorporar princípios como neutralidade, privacidade e a responsabilidade dos provedores, a legislação busca equilibrar e assegurar os direitos individuais dos usuários. 

A proibição de práticas discriminatórias e as restrições a transferência internacional de dados são maneiras de evitar abusos e garantir que as informações dos usuários sejam tratadas na base da equidade. 

Além disso, tal regulamentação promove uma relação de confiança no ambiente on-line, ao conferir aos seus usuários o direito de controle sobre seus dados.

Em suma, o Marco Civil desempenha um papel essencial na construção de uma era digital mais segurae transparente, promovendo um ambiente digital que respeita e protege os direitos individuais de cada um. 

E então, o que achou do artigo? Continue acompanhando nosso site para mais informações como essa!

Deseja aprofundar ainda mais sobre o Marco Civil da Internet? Confira nossos outros materiais sobre este assunto.

Para saber ainda mais sobre o marco civil da internet, acesse o guia completo do JusDocs

Marco civil e a regulação de conteúdo nas redes sociais

Aplicação do marco civil em disputas sobre liberdade de expressão online

Análise de casos de responsabilidade de provedores sob o marco civil

O Impacto do Marco Civil nas estratégias de negócios de startups digitais

Foto de Carlos Stoever

Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com nossa Política de Privacidade.