Direito Civil

Princípios fundamentais do Common Law que todo advogado deveria conhecer

Atualizado 17/05/2024

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Princípios fundamentais do Common Law que todo advogado deveria conhecer

O Common Law, também conhecido como direito anglo-saxão, é um sistema jurídico influente em diversos países do mundo, inclusive no Brasil. Sua base se encontra em precedentes judiciais, ou seja, decisões tomadas em casos anteriores servem como referência para a resolução de novos casos semelhantes.

Para advogados que atuam em áreas que envolvem o Common Law, conhecer seus princípios fundamentais é crucial para o sucesso na defesa dos interesses dos seus clientes. Neste guia, exploraremos os principais princípios que norteiam esse sistema jurídico, destacando sua importância e aplicação prática.

Stare Decisis: A Doutrina dos Precedentes

O stare decisis, que significa "ficar com as coisas decididas", é um dos pilares do Common Law. Segundo essa doutrina, as decisões tomadas por tribunais superiores em casos anteriores (jurisprudência) servem como referência obrigatória para julgamentos em casos semelhantes.

Essa tradição garante previsibilidade e uniformidade nas decisões judiciais, assegurando que casos similares sejam tratados de forma justa e consistente. O stare decisis contribui para a estabilidade do direito e facilita a compreensão do sistema jurídico por parte dos operadores do direito e da população em geral.

Exceções ao Stare Decisis:

Embora o stare decisis seja a regra geral, existem exceções em que os tribunais podem se afastar de precedentes anteriores. Isso pode ocorrer em situações como:

  • Mudança das circunstâncias sociais: Se as condições sociais ou econômicas que motivaram o precedente original mudarem significativamente, o tribunal pode considerar a revisão da decisão para se adequar à nova realidade.

  • Erro manifesto: Se o precedente anterior for considerado um erro manifesto, o tribunal pode corrigi-lo em uma nova decisão.

  • Incompatibilidade com a Constituição: Se o precedente anterior for considerado inconstitucional, o tribunal deve afastar-se dele e aplicar a norma constitucional.

Adversarialismo: O Confronto entre as Partes

O adversarialismo é uma característica marcante do processo judicial no Common Law. Nesse sistema, as partes litigantes, autor e réu, assumem a responsabilidade por apresentar seus argumentos e provas ao juiz, que atua como um árbitro imparcial.

O objetivo do processo adversarial é garantir que todas as partes tenham a oportunidade de serem ouvidas e que suas provas sejam devidamente consideradas pelo juiz. Essa característica contribui para a busca pela verdade e para a justiça no processo judicial.

Funções das Partes no Processo Adversarial:

  • Autor: Cabe ao autor apresentar ao tribunal os fatos que fundamentam sua ação, as provas que comprovam suas alegações e os argumentos jurídicos que sustentam seu pedido.

  • Réu: O réu tem o direito de se defender das acusações do autor, apresentando seus próprios argumentos e provas, contestando as alegações do autor e buscando a improcedência da ação.

  • Juiz: O juiz atua como um mediador imparcial, analisando as provas e argumentos apresentados pelas partes, aplicando a lei ao caso concreto e proferindo a sentença.

Jury Trial: O Julgamento por Júri Popular

O jury trial, ou julgamento por júri popular, é um elemento fundamental do Common Law. Em alguns casos, como em crimes graves, o julgamento é realizado por um júri composto por cidadãos comuns, que decidem sobre a culpabilidade ou inocência do réu.

O objetivo do jury trial é garantir que a decisão sobre a culpabilidade do réu seja tomada por um grupo de pessoas da comunidade, representando a vontade popular. Essa característica contribui para a imparcialidade e legitimidade do processo judicial.

Composição do Júri:

O júri é composto por um número ímpar de cidadãos, geralmente entre 6 e 12 pessoas. Os jurados são selecionados aleatoriamente de uma lista de pessoas com idade mínima legal e que residem na área de jurisdição do tribunal.

Função do Júri:

O júri tem a responsabilidade de analisar as provas e argumentos apresentados durante o julgamento e decidir sobre a culpabilidade ou inocência do réu. A decisão do júri deve ser unânime ou por maioria qualificada, dependendo da legislação local.

O Papel do Juiz no Jury Trial:

O juiz preside o julgamento, instruindo o júri sobre as regras do processo e da lei aplicável ao caso. O juiz também decide sobre as questões de direito que surgem durante o julgamento, como a admissibilidade de provas e a interpretação da lei.

Burden of Proof: O Ônus da Prova

O burden of proof, ou ônus da prova, é um princípio fundamental do processo judicial no Common Law. Ele define qual parte litigante tem a responsabilidade de provar suas alegações para ter êxito no processo.

Existem dois tipos principais de ônus da prova:

  • Burden of Persuasion (Ônus da Persuasão): Cabe à parte que propõe a ação (autor) o ônus de persuadir o juiz de que suas alegações estão corretas por preponderância da evidência (preponderance of the evidence). Isso significa que o autor deve apresentar provas que sejam mais convincentes do que as do réu.

  • Burden of Production (Ônus da Produção): O ônus da produção de prova se refere à obrigação de cada parte em apresentar provas que sustentem suas alegações. Em alguns casos, o ônus da produção pode mudar de acordo com a fase do processo ou em razão de determinadas presunções legais.

Distinguishing Precedents: Diferenciando os Precedentes

No sistema de Common Law, é fundamental saber diferenciar os precedentes para determinar sua aplicabilidade a casos concretos. Advogados devem analisar diversos fatores, como:

  • Ratio Decidendi: A ratio decidendi é a razão fundamental pela qual o tribunal tomou a decisão no caso anterior. Ao analisar um precedente, é crucial identificar a ratio decidendi para verificar se ela se aplica ao caso em questão.

  • Obiter Dicta: Obiter dicta são declarações feitas pelo tribunal a respeito de questões jurídicas que não são essenciais para a decisão do caso. Embora possam ser interessantes do ponto de vista jurídico, as obiter dicta não possuem força vinculante como a ratio decidendi.

  • Fatos do Caso: É importante analisar os fatos específicos do caso anterior para verificar se há similaridade com o caso em questão. Um precedente só será aplicável se os fatos forem suficientemente semelhantes.

A capacidade de distinguir precedentes com precisão é uma habilidade essencial para advogados que atuam em áreas relacionadas ao Common Law.

Legal Reasoning: Raciocínio Jurídico no Common Law

O raciocínio jurídico no Common Law difere do utilizado em sistemas baseados em códigos civis. Advogados que atuam nesse sistema devem dominar técnicas específicas de interpretação e aplicação da lei.

  • Analogia: A analogia consiste em aplicar uma norma jurídica criada para uma determinada situação a outro caso semelhante, desde que não haja norma específica para o segundo caso.

  • Distinção: A distinção permite diferenciar um caso de um precedente anterior, mesmo que os fatos apresentem semelhanças. Essa diferenciação deve se basear em aspectos relevantes para a decisão do caso.

  • Reasoning by Analogy: O reasoning by analogy é uma técnica de argumentação jurídica que consiste em utilizar precedentes de casos similares para fundamentar a argumentação em um novo caso.

O domínio dessas técnicas de raciocínio jurídico permite aos advogados construir argumentações sólidas baseadas no Common Law e na jurisprudência existente.

O Papel do Advogado no Sistema de Common Law

O advogado desempenha um papel crucial no sistema de Common Law. Suas principais funções incluem:

  • Conduzir a Investigação: O advogado é responsável por conduzir a investigação do caso, coletando provas, entrevistando testemunhas e construindo a narrativa jurídica que será utilizada no processo.

  • Elaborar a Estratégia Processual: Com base na análise dos fatos e da legislação aplicável, o advogado define a estratégia processual mais adequada para defender os interesses do cliente.

  • Preparar os Pleadings: Os pleadings são documentos processuais que contêm as alegações de cada parte. O advogado é responsável por elaborar os pleadings de seu cliente, expondo os fatos, os argumentos jurídicos e os pedidos formulados.

  • Representar o Cliente em Audiência: O advogado representa o seu cliente em audiências e no julgamento, apresentando seus argumentos e provas ao juiz ou ao júri.

  • Negociação de Acordos: O advogado pode atuar na negociação de acordos para evitar a necessidade de um julgamento.

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Considerações finais

Para advogados que desejam ampliar sua atuação e atuar em casos com elementos de Common Law, o conhecimento dos princípios fundamentais desse sistema jurídico é indispensável. Compreender o papel dos precedentes, o processo adversarial, o jury trial, o ônus da prova e as técnicas de raciocínio jurídico permite a construção de estratégias sólidas e a defesa eficiente dos interesses dos clientes.

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Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

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