Processo Penal

Defesa técnica e revelia: implicações no processo penal brasileiro

Atualizado 15/03/2024

1 min. de leitura

Defesa técnica e revelia: implicações no processo penal brasileiro

O processo penal brasileiro é regido por uma série de princípios e garantias fundamentais, visando assegurar o devido processo legal e a proteção dos direitos individuais dos acusados, nesse contexto, dois aspectos fundamentais merecem destaque: a defesa técnica e a revelia.

A defesa técnica é um direito constitucional garantido a todos os indivíduos submetidos a um processo penal, que consiste na possibilidade de o acusado ser assistido por um advogado, seja ele constituído pela própria pessoa ou designado pelo Estado. 

Este advogado tem o papel crucial de garantir que os direitos do acusado sejam respeitados ao longo de todo o processo, desde a fase de investigação até o julgamento final.

Enquanto a revelia é uma situação que ocorre quando o acusado, devidamente citado para comparecer em juízo, deixa de exercer sua defesa no processo, ou seja, o acusado se mantém inerte diante das acusações e não apresenta qualquer resposta ou contestação aos termos da acusação. 

Como a revelia afeta a presunção de veracidade dos fatos alegados?

Quando ocorre a revelia no processo penal brasileiro, há algumas implicações sobre a presunção de veracidade dos fatos alegados pela parte acusadora e para o próprio réu.

É importante destacar que a revelia não implica automaticamente na aceitação irrestrita e absoluta dos fatos alegados pela parte acusadora, em vez disso, ela estabelece uma presunção relativa de veracidade. 

Isso significa que, na ausência de contestação por parte do réu, os fatos alegados pela acusação são considerados verdadeiros, salvo prova em contrário.

Essa presunção relativa pode ter consequências significativas para o réu, onde, em muitos casos, a acusação pode utilizar a falta de contestação do réu como um argumento a seu favor, buscando convencer o juiz da veracidade dos fatos alegados. 

podendo influenciar decisões judiciais, aumentando a probabilidade de condenação do réu.

Além disso, a falta de manifestação do réu pode limitar suas chances de defesa e de contraditório, afinal, sem apresentar sua versão dos fatos ou contestar as acusações, o réu perde a oportunidade de refutar as provas apresentadas pela acusação e de apresentar sua própria versão da história. 

Outra consequência da revelia para o réu é a possibilidade de serem adotadas medidas mais severas em relação a ele. 

Por exemplo, em casos de revelia, o réu pode perder o direito de interpor recursos ou de participar de determinadas fases do processo, o que pode restringir suas chances de reverter uma eventual condenação.

No entanto, é importante ressaltar que a revelia não implica em uma condenação automática do acusado, mesmo na ausência de manifestação do réu, cabe ao juiz analisar as provas apresentadas no processo de forma imparcial e fundamentada, garantindo o princípio  do contraditório e da ampla defesa. 

Além disso, é possível que o réu revele-se posteriormente e requeira a anulação da revelia, desde que apresente justificativa plausível para sua inércia.

Em quais circunstâncias à revelia pode ser anulada?

A revelia não é uma medida permanente, podendo ser anulada em determinadas circunstâncias, desde que o réu apresente justificativas plausíveis e legais para sua inatividade no processo. 

Caso o réu possa demonstrar que sua falta de comparecimento ao processo se deveu a motivos justificáveis e legais, como problemas de saúde graves, impossibilidade de locomoção, ou qualquer outro motivo que o tenha impedido de exercer sua defesa de forma efetiva, pode ocorrer a anulação da revelia.

Assim como, quando houver falhas no procedimento de citação que não tenham permitido ao réu ter conhecimento adequado do processo ou do prazo para sua defesa, o que pode incluir situações em que a citação foi feita de forma irregular ou não chegou ao conhecimento do réu.

Nos casos em que o réu é menor de idade, a revelia também pode ser anulada se for comprovado que não houve a devida representação legal ou assistência adequada ao menor durante o processo.

Se ficar comprovado que houve algum erro por parte do juiz ou da autoridade judicial que levou à decretação da revelia de forma injusta ou equivocada, essa decisão pode ser revertida.

O mesmo pode ocorrer caso a parte acusadora não tenha agido de forma diligente para informar adequadamente o réu sobre o processo ou para garantir sua participação efetiva, esse é mais um fator para a anulação da revelia.

É importante ressaltar que a anulação da revelia não implica automaticamente no encerramento do processo. 

Em vez disso, a anulação permite que o réu tenha a oportunidade de exercer sua defesa e participar ativamente do processo, desde que as circunstâncias que levaram à revelia sejam devidamente esclarecidas e corrigidas.

Quais são as melhores estratégias de defesa em casos de revelia?

Quando um réu se vê diante de uma situação de revelia em um processo penal, é crucial adotar estratégias eficazes para lidar com essa situação desafiadora. 

Uma das melhores estratégias é buscar imediatamente a anulação da revelia, apresentando justificativas plausíveis para a ausência do réu e demonstrando o interesse em participar ativamente do processo. 

O que pode incluir a comprovação de motivos que impossibilitaram a manifestação no processo ou presença do réu na audiência, como problemas de saúde, questões de transporte ou falhas na comunicação sobre a data da audiência, ou qualquer uma das situações citadas anteriormente.

Além disso, é fundamental que o réu busque o auxílio de um advogado experiente para representá-lo e defender seus interesses da melhor forma possível. 

O advogado pode elaborar uma estratégia de defesa eficaz, contestando as alegações da parte acusadora, comprovando irregularidade nas alegações da parte autora por meio da produção de provas ou buscando a anulação de atos processuais realizados na ausência do réu.

Outra estratégia importante é a realização de um planejamento cuidadoso para as próximas etapas do processo, visando minimizar os danos causados pela revelia. 

Podendo ser interessante a preparação de recursos e ações judiciais para contestar possíveis decisões desfavoráveis, bem como o acompanhamento constante do andamento do processo para evitar novas situações de revelia.

Além disso, é essencial que o réu demonstre cooperação com o sistema judiciário e manifeste seu interesse em participar ativamente do processo, comparecendo às audiências subsequentes e colaborando com seu advogado na elaboração de sua defesa.

Conte com o auxilio de um modelo de peça processual para garantir uma defesa mais assertiva, no nosso site!

Deseja aprofundar ainda mais sobre a Revelia? Confira nossos outros materiais sobre este assunto.

Para saber ainda mais sobre a revelia, acesse o guia completo do JusDocs 

Foto de Carlos Stoever

Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

Utilizamos cookies para melhorar sua experiência. Ao clicar em "Aceitar", você concorda com nossa Política de Privacidade.