Direito Civil

Técnicas de Interrogatório e a Dinâmica da Audiência de Instrução e Julgamento

Atualizado 20/02/2024

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Técnicas de Interrogatório e a Dinâmica da Audiência de Instrução e Julgamento

A arte do interrogatório é uma habilidade crucial no sistema judicial, especialmente durante a fase de audiência de instrução e julgamento, aonde as partes apresentam evidências e testemunhos para sustentar suas alegações. 

Durante a audiência de instrução e julgamento, as partes têm a oportunidade de interrogar as testemunhas chamadas a depor, o interrogatório é conduzido pelas partes envolvidas no caso, visando esclarecer os fatos e contestar o testemunho apresentado.

Dessa forma, o interrogatório desempenha um papel fundamental na busca pela verdade e na determinação dos fatos, atuando como um artifício para evidenciar inconsistências ou pontos benéficos para uma das partes.

Antes de entrar na sala do tribunal, os advogados devem realizar uma preparação meticulosa, o que inclui revisar evidências, estudar o caso e formular perguntas estratégicas para cada testemunha. 

No entanto, conhecer os pontos fracos e fortes do caso e do testemunho adversário é essencial para conduzir um interrogatório eficaz, sendo assim, preparar-se adequadamente para um interrogatório é essencial para garantir que os argumentos sejam apresentados de forma clara, coerente e persuasiva. 

Frisa-se que, durante a audiência de instrução, há regras e procedimentos para convocação e questionamento de testemunhas, que podem variar dependendo do sistema legal específico e das práticas judiciais adotadas.

Quais são as regras e procedimentos para a convocação de testemunhas durante a audiência de instrução?

Apesar das regras e procedimentos variarem, algumas diretrizes gerais são comuns em muitos sistemas jurídicos, como, por exemplo, as partes envolvidas no caso têm o direito de convocar testemunhas para depor durante a audiência de instrução. 

As testemunhas também podem ser convocadas por meio de intimações emitidas pela corte ou notificações formais enviadas pela parte que deseja chamá-las a depor, sendo obrigadas a comparecer à audiência de instrução no dia e hora designados e prestar depoimento sob juramento.

A parte que convocou a testemunha tem geralmente o direito de realizar o interrogatório direto, no qual faz perguntas à testemunha para obter informações relevantes para o caso, durante o interrogatório direto, as perguntas devem ser objetivas, claras e não sugestivas, para permitir que a testemunha forneça respostas completas e precisas.

Após o interrogatório direto, a parte adversária tem comumente a oportunidade de realizar o interrogatório cruzado da testemunha. 

Onde, a parte adversária faz perguntas à testemunha visando desafiar seu testemunho, identificar contradições ou enfraquecer sua credibilidade, tais questionamentos também devem ser objetivas e não sugestivos, e devem se limitar aos assuntos abordados no interrogatório direto.

Durante o questionamento das testemunhas, as partes devem aderir às regras de evidência aplicáveis, incluindo regras relacionadas à admissibilidade de certos tipos de evidência.

Além disso, o juiz pode intervir para fazer objeções a perguntas consideradas inadequadas ou irrelevantes com base nas regras de evidência.

Após o interrogatório cruzado, a parte que convocou a testemunha pode ter a oportunidade de realizar um re-direto, no qual faz perguntas adicionais à testemunha para esclarecer questões levantadas durante o interrogatório cruzado.

Da mesma forma, a parte adversária pode ter a oportunidade de realizar um re-cruzamento, para abordar quaisquer novos assuntos levantados durante o re-direto.

Qual é a melhor maneira de se preparar para um interrogatório?

Após estudar o caso por completo, analisar as evidências, documentos legais e testemunhos, é o momento de avaliar os pontos fracos e fortes do caso, a fim de determinar quais aspectos precisam ser reforçados durante o interrogatório e quais pontos precisam ser abordados com cautela ou evitados.

Ao interrogar uma testemunha adversária, é importante conhecer seu histórico, suas declarações anteriores e qualquer informação que possa ser relevante para o caso, contribuindo para a formulação de perguntas eficazes e identificação de possíveis contradições.

Com base na análise do caso e na testemunha que será interrogada, é o momento de formular uma lista de perguntas estratégicas que ajudarão a sustentar seus argumentos e a desafiar o testemunho adversário, o que deve ser feito visando a elaboração de perguntas claras, objetivas e diretas.

Simulações de interrogatório com colegas de trabalho, amigos ou consultores legais, pode ser interessante em casos mais complexos ou para profissionais com pouca experiência, essa técnica pode ajudar a refinar as perguntas, aprimorar as habilidades de escuta e desenvolver a capacidade de pensar rapidamente durante o interrogatório real.

Além disso, é essencial estar preparado para lidar com objeções e contradições que possam surgir durante o interrogatório, dessa forma, as possíveis linhas de questionamento da parte adversária podem ser antecipadas para o desenvolvimento de estratégias para respondê-las eficazmente.

Ao seguir essas etapas e se preparar de forma abrangente e estratégica, o profissional estará bem equipado para enfrentar o interrogatório com confiança e maximizar as suas chances de alcançar um resultado favorável para o caso.

Estratégias para a adaptação às respostas da testemunha e controle emocional:

Devido ao interrogatório ocorrer sem ensaios, entre pessoas, há sempre a possibilidade de inconvenientes ou mudanças de planos. 

Ao conduzir um interrogatório, é essencial estar preparado para adaptar-se às respostas imprevistas da testemunha, a fim de driblar essa questão, uma estratégia eficaz é ouvir atentamente cada resposta e estar pronto para ajustar suas perguntas de acordo com elas. 

Se a testemunha fornecer informações inesperadas ou contraditórias, é importante manter a calma e analisar rapidamente como isso afeta a linha de questionamento preparada. 

Em seguida, as perguntas devem ser adaptadas para explorar essas novas informações ou contradições, mantendo sempre o foco nos objetivos do interrogatório.

Além disso, é crucial manter o controle emocional durante todo o processo, afinal, o interrogatório pode ser um ambiente tenso e emotivo, mas é fundamental permanecer calmo e profissional em todas as circunstâncias. 

Durante o interrogatório, é importante manter a calma e o controle emocional, incluindo evitar se deixar levar por emoções como raiva ou frustração, focando apenas em apresentar seus argumentos de maneira profissional e respeitosa.

Isso envolve controlar sua linguagem corporal, tom de voz e expressões faciais para evitar transmitir emoções como frustração, irritação ou surpresa, a conduta do profissional, influência, a percepção do juiz, do júri e das partes envolvidas no caso. 

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Carlos Stoever

(Advogado Especialista em Direito Público)

Advogado. Especialista em Direito Público pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e MBA em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas. Consultor de Empresas formado pela Fundação Getúlio Vargas. Palestrante na área de Licitações e Contratos Administrativos, em cursos abertos e in company. Consultor em Processos Licitatórios e na Gestão de Contratos Públicos.

@calos-stoever

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